Diante do cenário atual do país, associados da Aenfer levantam questionamentos, lamentam a falta de investimentos ferroviários e falam sobre a greve dos caminhoneiros que ameaçam parar o Brasil. Segue abaixo, artigos recebidos por nossa redação:
Mais uma vez, deparamo-nos com uma greve de caminhoneiros, que cruzam este País de ponta a ponta, protestando contra os seguidos reajustes de combustíveis, que, sobremaneira, fazem subir o custo de vida, tendo-se em vista que o ícone transporte eleva os preços dos produtos produzidos neste pedaço de chão de 8 milhões e quinhentos mil metros quadrados, carga circulante que, num curto percurso deveria ser só em caminhões e, superior a essa distância, por ferrovia, o modo enjeitada pelos governos do passado e pelo atual.
Quantas greves mais precisarão ser realizadas, para fazer o governo sair do casulo, desse marasmo e auscultar o famoso “Estalo do Padre Vieira” e, investindo no modo transporte por sobre trilhos, construindo ferrovias de ponta a ponta, neste País-continente?
A economia de combustível será incomensurável, se o governo passar a investir em ferrovias amanhã de manhã, desde que se tirem as vendas dos olhos dessa miopia de gestão em transporte à longa distância, numa questão de visão de futuro.
Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá (elevado ao grau de Visconde), inaugurou a circulação do primeiro trecho de ferrovia no Brasil, há 164 anos. O seu espírito deve estar em completo desassossego, pois não esperava que o seu empreendimento, que fascinou o mundo nesta segunda década do século XXI, estivesse tão desprestigiado pelas autoridades de hoje. O brasileiro gosta muito de copiar os outros países. Por que não imitar os mais avançados, que investem no modo ferroviário?
Para este ano eleitoral, sabe-se que nada de novo pintará no pedaço, por sobre trilhos. A esperança de milhares de ferroviários e ferroviaristas é que o futuro governo, a partir de 2019, volte o olhar para as ferrovias. Que os políticos não olhem tão somente para o “modo corrupção.” Embora a Lava-Jato esteja levando muitos para a prisão, que os selecionados nas eleições de outubro venham com o espírito e comportamento de homens dignos dos cargos que exercerão nos Legislativos e nos Executivos
Todavia, constata-se um constante blá, blá, blá dos que só jogam pra galera em discursos vazios, sem nenhum conteúdo programático de ações em benefício do povão que está aí ao Deus Dará. De agora, maio até outubro, nas campanhas vão se repetir a mesma cantilena, dos anjinhos de cabeça oca do Congresso e das Assembleias Legislativas.
O Brasil é um grande País? É. Será pequeno, se, em matéria de transporte de grandes tonelagens de cargas, até 500km, estas forem transportadas por rodovias; além, só por ferrovias, desde que os governantes deixem de ser menores em matéria de gestão da coisa pública e pensem e ajam em favor desse povo, que já não tem mais em quem confiar, há muito tempo.
Ao fim, vale aqui ressaltar e repetir a sentença prolatada por ferroviários e ferroviaristas: O Brasil precisa da volta dos trens de passageiros aos trilhos, como o sangue de oxigênio, e a tarefa que pesa por sobre os ombros das autoridades dos três níveis de governo é construir ferrovias, para que se efetive a mobilidade urbana, neste País e resgatem o nosso orgulho de aqui termos nascido.
Está na hora, o momento é agora e não se poderá mudar de década sem a construção de novos trechos de linhas ferroviarias, pois, somente assim encurtar-se-ão distâncias dos pontos extremos desta Nação.
Genésio Pereira dos Santos – Advogado/Jornalista/Escritor e conselheiro da Aenfer
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Apenas para registro. Sei que a solução
extrapola o tempo que me resta…mas temos filhos e netos.
O momento pelo qual estamos a passar merece sérias reflexões.
Enquanto assistimos políticos a lutar pelos seus interesses
pessoais e corporativos, os fatos vão mostrando a tremenda vulnerabilidade
do país, principalmente em questões vinculadas à infraestrutura.
A greve dos caminhoneiros está a merecer grandes reflexões.
1ª Nossa vulnerabilidade quanto à variação do dólar e do preço
internacional do petróleo ( dependemos e pouco/nada podemos atuar);
2ª….A questão da formação do preço do petróleo, cerca de 50% de
taxas, impostos que são mantidos apesar das flutuações nos preços
e do câmbio;
3ª…A questão dos royalties e sua utilização pelos estados mais beneficiados.
…..o Rio de Janeiro com seus “íntegros” governadores e oportunismo serve de referência;
4ª….A total insensibilidade (talvez, competência seria melhor falar) para que o Congresso e legislativos pensem em leis que flexibilizem a maneira de gerir leis e diretrizes que possibilitem reduzir o impacto de tais oscilações na economia, principalmente as que repercutem no dia-a dia ……da sociedade ( acesso e preços nos produtos de consumo obrigatório)
5ª E aqui chego a um ponto vital desse processo: a enorme dependência do transporte rodoviário
Enquanto isso a Ferrovia Norte-Sul anda a passos de cágado; a RFFSA foi extinta; boa parte das rodovias em estado precário; hidrovias onde estão?….onde está o planejamento dos transportes?
Aqui termino a exposição …claro…com imensa tristeza e consciente que o problema envolve mais de uma geração e não apenas uma eleição (a propósito…em quem votar?)
Engenheiro Maurício de Souza – Associado da Aenfer