RIO — As obras de expansão do bondinho de Santa Teresa, paradas há pelo menos dois anos, por causa da crise financeira do estado, finalmente devem sair do papel. O governo anunciou que retomará a ampliação do sistema até o fim do mês. O novo trajeto de 3 km, entre a Praça Odylo Costa Neto, no Largo dos Guimarães, e o Largo do França, deverá ficar pronto em 120 dias. A informação foi divulgada na última quarta-feira (4), no blog do colunista Ancelmo Gois.
Os reparos num dos símbolos do bairro começaram em 2013, dois anos após o acidente que deixou seis pessoas mortas. O trecho percorrido atualmente pelo bonde é de apenas 4 km — entre o Largo da Carioca, no Centro, e a Praça Odylo Costa Neto, no Largo dos Guimarães — e deixa muitos moradores desamparados:
— Desde o acidente, o Largo das Neves está abandonado, porque era o bondinho que levava os turistas até lá. Havia muitas atrações culturais. Hoje, ainda existe um evento ou outro, mas o largo não enche mais como antes — lamentou Eduardo Anunciação, que mora há 32 anos em Santa Teresa. — Pena que essa fase de ampliação não contempla todo o bairro, mas já ficamos animados em saber que o bondinho está voltando, mesmo que lentamente.
PROBLEMAS MARCAM A VOLTA DO TRANSPORTE
O Consórcio Elmo/Azvi continuará responsável pela execução da obra de ampliação, que já apresentou diversos problemas desde que foi iniciada. Em depoimento, em maio, aos membros da CPI da Alerj que investiga irregularidades no setor de transportes, o presidente da Companhia Estadual de Engenharia, Transportes e Logística do Rio (Central), Rogério Azambuja, afirmou que, dos dez quilômetros de trilhos que deveriam ter sido construídos em Santa Teresa, somente quatro haviam sido finalizados.
Azambuja também contou que, das 14 composições previstas para o sistema, apenas cinco foram adquiridas. Destas, só três eram usadas à época pelo público, já que dois bondinhos ficavam, segundo Azambuja, de reserva.
A CADA DIA, 74 VIAGENS
O presidente da Central afirmou ainda durante a CPI que seriam necessários R$ 100 milhões para que fossem comprados novos bondinhos e os trilhos chegassem até o Silvestre. Quando começou, a obra foi orçada em R$ 58,6 milhões.
Ontem, a Secretaria de Estado de Transportes informou que, atualmente, há cinco bondes em funcionamento, quantidade que, segundo o órgão, é suficiente para atender à demanda. São oferecidas, segundo o governo, cerca de 74 viagens por dia. A média de ocupação dos 2.368 lugares é de 44%. A pasta acredita que os números são positivos e “demonstram a aprovação do serviço pela população”.
Moradores de Santa Teresa cadastrados têm direito a viagens gratuitas, assim como estudantes da rede pública uniformizados e pessoas acima de 65 anos. As despesas com funcionários e manutenção do sistema são pagas com a venda de passagens para turistas, que custam R$ 20 (ida e volta).
Fonte: O Globo, 06/07/2018
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