*Giovane Cesar
A Tecnologia da Informação rompeu barreiras e hoje é largamente utilizada
para otimizar, facilitar e modernizar processos nas mais diversas áreas de atuação. Graças aos avanços tecnológicos que melhoraram o desempenho dos computadores e também dos avanços teóricos da matemática e engenharia, a tecnologia da informação tornou-se uma grande parceira da otimização, gerando uma sinergia muito benéfica para ambos os campos. Umas das áreas que tem sido muito beneficiada é a de logística. Neste caso, falhas humanas e atrasos sistemáticos são reduzidos drasticamente.
Um dos primeiros casos de otimização logística vem da Segunda Guerra Mundial, quando os alemães planejavam o movimento de suas tropas para serem mais efetivos em combate. Hoje em dia, a otimização logística está aplicada em muitos lugares e nem percebemos. Alguns exemplos são a sincronização dos semáforos das grandes avenidas e cruzamentos, levando em consideração a movimentação de determinadas horas do dia; o caminho que o Google Maps® sugere para os usuários chegarem de um ponto a outro e a sequencia que os caminhões de entrega fazem as paradas.
Uma outra aplicação bastante utilizada é o planejamento de escala. As empresas de aviação civil são as principais usuárias desses sistemas. Neste caso, planejam-se as escalas das tripulações dos voos. As equipes tem que respeitar muitas regras de segurança e trabalhistas e, por outro lado, geram muitos custos em horas extras e despesas desnecessárias com o transporte de um ponto a outro sem que estejam a serviço. A aplicação leva em consideração todas as regras e custos envolvidos e gera uma escala em que as regras são satisfeitas e os custos minimizados. Numa empresa que tem muitas rotas e, portanto, muitas equipes de tripulação, a redução direta de custos pode ser de vários milhões de reais.
No caso de logística de trens, a mesma aplicação da aviação que planeja as
equipes de tripulação pode ser usada nas equipes de maquinistas e mecânicos.
Ainda neste campo, os controladores de tráfego de trens podem ser beneficiados pela otimização do planejamento de despacho. Com este recurso, os trens ficam parados o menor tempo possível, melhorando a eficiência das composições, diminuindo o consumo de combustível e reduzindo o tempo necessário para a entrega da carga. Estes pontos representam, além de redução de custo, aumento de receita, pois os trens passam mais tempo circulando e, assim, atendendo mais clientes e uma vantagem competitiva bastante considerável.
Mais recentemente, o setor bancário passou a se beneficiar da otimização
logística. Neste caso, o transporte e gerenciamento de numerário nas agências foram aprimorados. Uma solução em TI possibilitou a comunicação e
armazenamento seguros de dados e otimização nas decisões de transporte. Com
esta solução, as agências têm o estoque de numerário bastante reduzido, apenas o suficiente para atender os clientes. Isso gera um aumento da segurança, pois as agências ficam menos atrativas a roubos e furtos. Além disso, como os transportes são feitos somente quando necessários, há a redução dos custos envolvidos em recolher e suprir dinheiro. Menos comum, mas também muito importante, é o planejamento das metas das agências levando em consideração a capacidade dos clientes absorverem os produtos e o retorno que cada produto dá a instituição. Isto é muito importante pois, por exemplo, os gerentes não tem a necessidade de oferecer produtos de previdência para pessoas idosas, gerando menos cancelamentos e mais
satisfação dos clientes.
A otimização é um processo dividido em três partes: modelagem, implementação
e implantação. A modelagem é a fase em que, geralmente, um matemático entende o processo a ser otimizado e desenvolve um conjunto de expressões e fórmulas que o representa. A implementação é a fase onde o modelo matemático algébrico é levado ao computador. Nessa fase são feitos vários experimentos que confrontam o modelo com a realidade em busca de falhas e também desenvolvem-se algoritmos a fim de diminuir o tempo necessário para apresentar uma solução. Finalmente, a implantação é feita. Nesse momento a implementação anterior é integrada ao sistema da empresa, conectando-o aos usuários e às bases de dados.
Além de todos os benefícios, a otimização tem um papel importante para as empresas, nas palavras de um gerente de uma empresa cliente, “arrumar a
casa”. Como a integração, armazenamento e comunicação de dados sempre são
necessários, as empresas mitigam vários pontos suscetíveis a falhas e de perda de informação. Hoje, a logística tem um significado simples para as empresas: economia. O valor dessa economia irá depender da aplicação e de quão eficiente é a solução. Em alguns casos, isso pode significar milhões.
*Giovane Cesar é matemático e gerente consultor sênior de otimização da
eWave do Brasil e já realizou diversos trabalhos na área de logística em
empresas como Itaú e ALL.
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