Engenheiro aposentado da RFFSA e Conselheiro Vitalício da AENFER, Walter Gêd fala de sua amizade e admiração pelo engenheiro Américo Maia de Vasconcello Neto, falecido em 29 de janeiro.
“NECROLÓGIO”
Engº AMÉRICO MAIA DE VASCONCELLOS NETO
CATOLÉ DO ROCHA – PB 28/MAR/1929
RIO DE JANEIRO – RJ 29/JAN/2013
Normalmente conhecido por Américo Maia, se caracterizava não só por ser um grande profissional da área da engenharia ferroviária, por ser enérgico, mas muito mais pelo seu senso de justiça, principalmente como já foi citado na nota de seu falecimento, publicada no Jornal AENFER nº 152, que chegou a ser expulso de uma reunião pois se colocou em defesa dos trabalhadores.
A sua história já era do meu conhecimento mesmo antes de nos sermos apresentados.
De maio de 1980 a outubro de 1985, quando eu era o Superintendente Regional de Salvador e ele Diretor de Engenharia da RFFSA, fui muito ajudado por Américo Maia, na implantação do Ramal da Caraíbas Metais, Pátio do COPEC, projeto Nitrofértil na Linha Norte daquela SR, bem como dos Planos Diretores das Linhas Sul e Centro, financiados pelo BNDES.
Sempre o tive como um grande amigo e defensor, e por isso a cada dia minha admiração por ele crescia a todo instante.
Vou narrar um episódio muito triste que atravessei na minha vida, quando no dia 31 de agosto de 1983 fui surpreendido por um trágico acidente com um trem de derivados de petróleo na cidade de Pojuca – BA, na Linha Norte.
Ocorreu grande derramamento dos produtos, quando imediatamente foi acionado o destacamento da PM, para que fosse providenciado o isolamento da área.
O Sargento que comandava o destacamento, ao invés de fazer o que fora solicitado, muito pelo contrário incentivou a população a coletar os produtos sob a alegação que os mesmos estavam sendo perdidos, e aí aconteceu o inevitável. Ocorreu uma explosão seguida de incêndio de grandes proporções, onde muitas vidas foram ceifadas.
Era Governador do Estado da Bahia o Sr. João Durval Carneiro.
Um Diretor da RFFSA, o Ministro dos Transportes e o Governador juntaram-se para defender a tese de colocar minha cabeça a premio , alegando que com isso se daria satisfação ao público.
O Chefe Américo (era assim que eu o tratava) juntamente com o Presidente da RFFSA, Carlos Aloysio Weber, com a retaguarda de ACM – Antonio Carlos Magalhães, certos de que não cabia a mim qualquer responsabilidade pelo ocorrido, em face de um sem números de correspondências que enviei à Presidência e Diretoria da RFFSA sobre o quanto era temerário o transporte de inflamáveis, tanto assim que foi implantado o Projeto Nitrofertil para remodelação da Linha Norte no trecho entre as estações de Mapele – BA e Riachuelo-SE, por onde se transportaria, também, amônia e uréia, tanto assim que o acidente ocorreu a poucos quilômetros de trecho já trabalhado, firmaram uma verdadeira trincheira em meu redor, blindando-me de tal forma que consegui sair ileso da violência que queriam me imputar.
Este é o meu depoimento sobre um homem probo e digno, e peço, que se possível, este Necrológio seja publicado no Jornal da AENFER.
Walter Gêd
Engenheiro aposentado da RFFSA e Conselheiro Vitalício da AENFER
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