Brasil pode virar polo de produção de monotrilhos

O Brasil caminha para ser, nos próximos anos, um dos principais centros de produção de l trens monotrilho do mundo. Três dos principais fabricantes deste sistema de transporte ainda pouco comum no mundo, Scomi, Bombardier e Hitachi, anunciaram a construção de fábricas no país. Dois deles já têm contratos assinados para a realização de projetos no Brasil.

Internamente, os trens monotrilho são semelhantes ao trens de metrô ou aos bondes modernos (VLTs). Mas têm rodas de borracha na parte central da fuselagem e trafegam “abraçados” à vigas de concreto elevadas. Em países ocidentais, são comuns em parques de diversões, no trajeto entre aeroportos e hotéis ou em ligações com o sistema de transporte público. No Japão, onde surgiram, há ao menos oito linhas.

Outros países que já têm linhas construídas são Coreia do Sul, Emirados Árabes, China, Índia, Cingapura e Malásia. Mas poucos têm tantos projetos quanto o Brasil, diz Hilmy Zaini, presidente da Scomi no Brasil. São Paulo já licitou dois e têm em estudo outros três. Manaus licitou um. Cuiabá, Porto Alegre, Rio de Janeiro estudam os seus.

Em São Paulo, um dos projetos em andamento, o de prolongamento da Linha-2 do metrô, foi vencido pela Bombardier, em parceria com a Queiroz Gal- 1 vão e OAS. O outro, da linha 17 do metrô paulistano, pela Scomi, associada ao grupo brasilei-p ro MPE e à Andrade Gutierrez. d Em Manaus, a disputa foi venciida por Scomi e MPE, mas com u as construtoras CR Almeida.

É por isso que a Scomi quer construir nos próximos meses um conjunto de três fábricas de i trens monotrilho em São Pau-J lo, Manaus e Rio de Janeiro —, e d poderá anunciar uma joint-ven-R ture com o grupo brasileiro d MPE. Nos dois contratos, só os a trens deverão garantir receita de R$ 600 milhões às duas empresas, no prazo de 30 meses.

Por sua vez, a Bombardier está preparando sua unidade em Hortolândia para ser um dos centros de excelência mundial na produção e desenvolvimento de monotrilhos. De fato, o país deverá servir como campo de provas para a companhia. O projeto encomendado por São Paulo será o de maior capacidade no mundo, disse Luís Ramos, diretor de comunicação e relações institucionais da companhia para a América Latina. O valor do investimento não foi divulgado pela Bombardier, mas será inferior ao anunciado recentemente pela companhia para a unidade de produção indiana, que deve chegar a 33 milhões.

A encomenda feita por São
Paulo prevê a entrega de 54 trens, sistemas de sinalização e eletrificação das linhas, que garantirão à companhia cerca de R$ 1,4 bilhão, dos R$ 2,64 bilhões do projeto completo.

Sigilo
Das três fabricantes, de monotrilhos que já confirmaram a planos de produzir no Brasil, a que mantém maior sigilo em relação aos seus projetos é a japonesa Hitachi, justamente a mais tradicional. O que se sabe extraoficialmente no mercado é que a companhia está se associando à Iesa para construir uma fábrica em Araraquara, no interior de São Paulo.

O início das operações aconteceria no ano que vem e a nova empresa teria foco não só no Brasil, mas na América Latina.

Cuiabá
Entre as cidades interessadas em desenvolver projetos de monotrilho estão algumas das sedes da Copa de 2014, como Cuiabá. Na capital do Mato Grosso, a discussão em relação ao projeto pegou fogo, porque na cidade há grupos que defendem a implantação de BRTs, os corredores de ônibus, no lugar do monotrilho. A definição depende da aprovação de financiamento pelo governo federal.

Mais caro que os projetos de BRTs, mas mais barato que os de metrô, o monotrilho é apontado por especialistas no setor como solução para trajetos com mais de 10 mil, 15 mil passageiros por hora sentido e menos de 45 mil ou 50 mil passageiros por hora, quando o metrô passa a ser mais indicado.

Fonte: Brasil Econômico, 05/09/2011

 

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