Fiol tem apenas 7% de suas obras iniciadas

Com edital de licitação lançado em março de 2010 e previsão de  conclusão das obras para o final de 2012, a Ferrovia Oeste/Leste, Fiol, como é  conhecida, três anos depois da largada tem apenas minguados 7% do projeto em  obra, segundo cálculo da própria estatal.

Muitas já foram as idas e vindas em torno da ferrovia, para que ela  entrasse definitivamente nos trilhos, mas até agora sobram intenções e pouca  realização. Está completando um ano a visita dos ministros do Planejamento,  Transportes e da presidência da Valec, à Jequié, e ao canteiro de obra das Fiol,  para tomadas de decisões que acelerassem as obras.

De lá para cá, de acordo com a assessoria da Valec, já foram  iniciadas as obras no trecho de Ilhéus a Caetité que tem previsão de 537  km.

“Alguns trechos se encontram mais adiantados que outros. Já a  parte que envolvia Caetité a Barreiras, com 485 km de extensão, teve que ser  refeita em virtude de passar por áreas de cavernas. Foi iniciada uma reavaliação  da área e a expectativa é que até o final de maio seja entregue a licença de  instalação. Esperamos que seja liberada em julho as obras. Nos trechos onde  passam as cavernas foram feitos desvios, contornando essas áreas. Nossa  prioridade, contudo, é o trecho de Barreiras para facilitar o escoamento do  agronegócio. Esperamos que a construção de Barreiras a Ilhéus esteja conclusa no  final de 2015″, cita a assessoria da Valec.

Ibama mantém posição sobre cavernas

No entanto o otimismo da Valec se esbarra na avaliação do Ibama, que  afirma que “no trecho das cavernas, ainda não foi apresentado ao órgão uma uma  solução de engenharia que atenda as restrições ambientais. No trecho Ilhéus -Caetité, o Ibama realiza vistorias periódicas. Já em Barreira-Figueirópolis, os  Planos Básicos Ambientais foram apresentados e o Ibama solicitou adequações ao  empreendedor”, resumiu. A obra, que tem previsão de gerar 15 mil empregos  diretos e 50 mil indiretos, está estimada em R$ 7,37 bilhões. No ano passado,  quando da reunião dos ministros na cidade de Jequié, estimava-se o custo total  para as obras de R$ 7,1 bilhões.

Os valores atuais, segundo a Valec, foram fruto dos novos estudos e  das adequações do projeto original, além dos atrasos. Se a Fiol tivesse sido  entregue em 2012, dentro dos prazos anteriormente apresentados, ela custaria R$  5,4 bilhões aos cofres públicos.

A Valec informou que ainda sofreu alguns problemas por força de  desapropriações, no entanto ressaltou o empenho do governo baiano na solução da  pendenga. “Toda a questão burocrática já foi resolvida”, diz o órgão. Em relação  as demandas do Ibama, a Valec ressalta que manterá constante fiscalização e  reparação sobretudo na área ambiental, seguindo as rígidas orientações acordadas  pelo órgão ambiental “Tudo o que será solicitado pelo Ibama será cumprido”. Em  relação aos gastos da obra e as pendências com o Tribunal de Contas da União, a  Valec afirma que foi resolvido.

“Foi necessário realizar uma estrutura totalmente diferenciada  para a construção da Fiol. O terreno pelo qual ela passa é diferente do que  passa a Ferrovia Norte-Sul. São topografias diferentes e ajustes são  necessários, o que impactam no preço final da obra. Tudo isso foi negociado com  o TCU. A Valec apresentou as explicações para as questões pertinentes aos  valores e o Tribunal acatou e o recomendou que realizássemos ajustes. A intenção  agora é a realização da obra”, menciona.

Trilhos fora de licitação

Ainda no rol das muitas conturbações que cercam a Fiol, em fevereiro  deste ano, a Valec suspendeu a licitação para compra de 147 mil toneladas de  trilhos destinados ao trecho Ilhéus-Barreiras da Ferrovia. A decisão teve a ver  com deliberação do Tribunal de Contas da União que suspendeu edital de aquisição  de trilhos de outra ferrovia, a Norte Sul.

O consórcio PNG Brasil Produtos Siderúrgicos e Pangang Group  International Economic & Trading foi o único participante do pregão,  apresentando valor de R$ 477,2 milhões para fornecer as 147 mil toneladas de  trilhos. O mesmo consórcio foi o vencedor do pregão da Norte Sul. Devido à  coincidência e para evitar novas suspensões a Valec decidiu suspender a  licitação dos trilhos.

Mineração

Em direção ao mar, a ferrovia segue, passando por Correntina, Santa  Maria da Vitória, Bom Jesus da Lapa, Guanambi e Caetité, onde está tudo pronto  para a exploração de 470 milhões de toneladas de minério de ferro. A Mina Pedra  de Ferro está ligada à Fiol por meio de um ramal de 20 quilômetros. De Caetité  até o mar, a ferrovia percorre mais 530 quilômetros e passa por outros 15  municípios. Em Ilhéus, ela se encontrará com o Porto Sul, que ainda não saiu do  papel. Na região será instalado também um aeroporto, formando um grande complexo  logístico e uma zona de processamento de exportação (ZPE).

Um longo traçado que termina em Ilhéus

Ilhéus é o ponto final da ferrovia, que sai de Figueirópolis, no  estado do Tocantins, e percorre 1,4 mil quilômetros, até chegar ao mar. No  caminho, ela passa por 32 municípios baianos e cruza o estado de ponta a ponta,  no sentido oeste-leste. A Fiol também liga a Bahia a outros estados, através do  cruzamento com a Ferrovia Sul-Norte, que terá 3,1 mil quilômetros, entre o Pará  e São Paulo.

A Fiol entra na Bahia pelo município de São Desidério, na região  oeste, a 1,1 mil quilômetros de Ilhéus. Na zona rural do município, uma placa de  madeira fincada no chão indica que aquele ponto faz parte da rota da Ferrovia  Oeste-Leste na Bahia.

A marcação é uma das poucas deixadas pelo trabalho de medição do  projeto, que está concluído. No oeste, a ferrovia servirá ao transporte dos  produtos do agronegócio. Algodão, milho, café e soja.

Ferrovia da Integração

A Ferrovia da Integração Oeste-Leste, que possui 1.527 km de extensão  e compreende Ilhéus, na Bahia a Figueirópolis, no Tocantins, tem como  expectativa promover o desenvolvimento dos estados da Bahia e Tocantins. A  Ferrovia de Integração Oeste – Leste, junto com a Ferrovia Norte-Sul, vai  induzir o desenvolvimento de todo o país.

A Fiol deve fomentar o desenvolvimento da nova fronteira agrícola  brasileira, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.  Estima-se que já em 2015 sejam escoados 6,7 milhões de toneladas de grãos, além  de uma produção, de acordo com cálculos da Valec de 45 milhões de toneladas de  minério a partir de 2015.

O projeto de criação de uma ferrovia rasgando o Brasil de Oeste a  Leste é uma iniciativa antiga e visionária do engenheiro Vasco Neto, pensada há  50 anos atrás, contrariando o tradicional vetor de crescimento Norte e Sul do  país. Com a implantação da Fiol, o estado da Bahia fica numa confortável  vantagem logística em relação aos demais estados brasileiro. Dormentes  superfaturados

São muitos os imbróglios nos trilhos da ferrovia. A compra de  dormentes e acessórios para implantar a Ferrovia Oeste-Leste e da Ferrovia  Norte-Sul, em 2010, recebeu o carimbo de superfaturamento pelo Tribunal de  Contas da União. Em agosto de 2010, a Valec fez a contratação de 1.019 km de  ferrovia, referentes à Fiol. Os contratos para os sete lotes da malha  totalizaram R$ 4,2 bilhões.

Foi também fechada a aquisição de material para mais 670 km da FNS  Extensão Sul, cuja contratação dos cinco lotes resultou num total de R$ 2,3  bilhões. Em todos os 12 contratos, de acordo com o TCU, as planilhas  orçamentárias continham o fornecimento de materiais que são padronizados, ou  seja, podem ser facilmente encontrados no mercado e costumam ser adquiridos por  meio de pregão por empresas como a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU),  a Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A (Trensurb), a Companhia Paulista  de Trens Metropolitanos (CPTM) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de  Transportes (Dnit).

Cesar e Gabrielli prometem acelerar as obras na  Bahia

No encontro com Cesar e Gabrielli foi firmado um compromisso para  melhor andamento e aceleração das obras de infraestrutura e logística na  Bahia.

m reunião na manhã dessa quarta-feira (17/4), em Brasília, com o novo  ministro dos Transportes, César Borges, o secretário de Planejamento da Bahia,  José Sergio Gabrielli, discutiu as obras de infraestruturas mais importantes  para o desenvolvimento econômico do estado. No encontro, Gabrielli informou que  foi firmado um compromisso do trabalho em conjunto dos governos estadual e  federal para melhor andamento e aceleração das obras de infraestrutura e  logística na Bahia. “Foi uma reunião muito propositiva com o ministro, com um  grande compromisso de acelerar as obras do estado”.

Sobre a situação da construção da Ferrovia Oeste Leste (Fiol),  Gabrielli e o ministro apresentaram perspectivas para aceleração e continuidade  da obra, e para o alinhamento dos cronogramas da Fiol e do Porto Sul. César  Borges afirmou também que irá cobrar dos técnicos agilização das ações, no  sentido de garantir a navegabilidade na hidrovia do São Francisco com objetivo  de apresentar uma solução para viabilizar a questão.

A malha rodoviária federal no estado também receberá atenção do  Ministério dos Transportes, ainda em 2013. A BR-101, que está no PAC, terá sua  duplicação da divisa com Espírito Santo, até Mucuri e Eunápolis; dessa região  até Feira, vai entrar na concessão, que incluirá todo o trecho.

Na BR-415 está definida a duplicação decidida do trecho entre Ilhéus  e Itabuna. E a pavimentação do trecho Correntina-Coribe, divisa BA-MG da BR-135.  Borges destacou também a necessidade de trabalhar com algumas rodovias do oeste  do estado, como a BR-030, que vai ser licitada no trecho Malhada/Carinhanha a  Cocos, na interseção com a BR-135.

Fonte: Tribuna da Bahia, 18/04/2013

2 comentários em “Fiol tem apenas 7% de suas obras iniciadas”

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