EPL adoça o TAV

Até 29 de junho – 45 dias antes da entrega das propostas para o leilão do TAV, prazo final para alterações no edital – a EPL estará reduzindo o valor da outorga para a exploração do serviço ferroviário de alta velocidade  entre Rio, São Paulo e Campinas. A redução será “entre 10 a 15 %”—calcula seu presidente, Bernardo Figueiredo —  como forma de aumentar a atratividade do leilão. O percentual, embora pequeno, representa algo entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão, considerando que o valor mínimo da outorga, nas condições atuais, vai a R$ 10 bilhões.

O meio encontrado para diminuir o valor da outorga será reduzir frequência mínima de trens, o que vai impactar positivamente sobre a taxa interna de retorno (relação entre investimento e receita trazidos a valor presente), elevando-a dos atuais 6,32 %  ao ano para algo em torno de 7,5 % ao ano. O uso da infraestrutura, construída pelo governo, e precificado no edital a R$ 70,31 por trem/km, constitui a base de cálculo da outorga. Menos trens-km representam menor uso da infraestrutura.

A mudança, segundo Bernardo Figueiredo, servirá para cotejar o projeto do TAV com as concessões rodoviárias, que hoje disputam os recursos dos investidores, e que apresentam taxas internas de retorno da ordem de 7 %.

Outra facilidade será a redução da importância do “Fator I” no cálculo do custo da infraestrutura e da outorga. O Fator I estima a variação no custo de construção provocada pelo uso diferentes tecnologias, ou seja, por diferentes tipos de trens. Trens com maior peso por eixo  requerem mais reforço na via, sobretudo nos viadutos. Minimizar o Fator I significa diminuir a vantagem comparativa dos trens com menor peso por eixo, que usam tração distribuída, como é o caso do Shinkansen japonês e do Velaro alemão. Em paralelo, significa aumentar as chances dos trens mais pesados, que usam locomotivas, como o TGV francês, o Talgo espanhol e o KTX coreano. Para se ter uma idéia da diferença, o peso por eixo de um TGV Atlantique  alcança 17 toneladas por eixo, enquanto o de um Shinkansen série 700 fica em 11,2 toneladas, segundo estudo da Central Japan Railway Company, que pode ser visto em  http://www.uic.org/cdrom/2001/wcrr2001/pdf/sessions/1_1_3/142.pdf.  A França e a Espanha são os países que tem dado mais demonstração de interesse pelo projeto. A Alstom francesa chegou a desenvolver um trem de alta velocidade com tração distribuída, o AGV, mas que está ainda na primeira encomenda e só começou a operar em abril do ano passado.

Fonte: Revista Ferroviária, 03/06/2013

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