A Vale tem uma mensagem sombria para quem aposta que os preços do minério de ferro voltarão ao patamar vertiginoso de 2011. A maior produtora mundial do ingrediente usado na fabricação do aço está preparada para liberar até 50 milhões de toneladas em capacidade disponível para equilibrar o mercado se os preços subirem demais, disse o presidente Fabio Schvartsman.
Os preços elevados atrairiam produtoras ineficientes de volta ao mercado e poderiam repetir excessos passados que levaram à destruição de US$ 1 trilhão em valor, disse ele, na quarta-feira, em entrevista à Bloomberg Television na Bolsa de Valores de Nova York, onde a Vale realizou seu dia anual com investidores.
Foi possível ver isso claramente durante o superciclo, quando, de forma insustentável, as empresas ganharam dinheiro demais e não souberam o que fazer com esse dinheiro, disse ele.
O senso de responsabilidade de mercado de Schvartsman contrasta com as bravatas da produtora de apenas alguns anos atrás, quando brigava por participação de mercado em meio à demanda aparentemente insaciável das siderúrgicas chinesas. Agora, os lemas do setor são valor sobre volume e busca pela qualidade.
Ao mudar o foco para os depósitos de alta qualidade da região amazônica, no norte do Brasil, a Vale espera produzir 390 milhões de toneladas em 2018 e limitar a produção a 400 milhões de toneladas nos quatro anos seguintes, bem abaixo da capacidade da empresa, de 450 milhões de toneladas.
A China vem pagando um ágio quase cinco vezes maior do que há dois anos pelo minério de alta qualidade, o que ajuda as siderúrgicas a aumentarem as margens e a cumprirem a iniciativa antipoluição do governo.
O minério de ferro de referência à vista com 62 por cento de teor ferroso caiu 3,4 por cento na quarta-feira, para US$ 69,36 a tonelada seca e o material com 65 por cento de teor ferroso exportado pelo Brasil caiu 1,9 por cento, para US$ 86,60 a tonelada, segundo a Metal Bulletin. Nesta quinta-feira, os futuros mostravam estabilidade em Cingapura e o contrato em Dalian caiu.
A Vale estima que os custos globais cairão significativamente nos próximos anos com a aceleração das novas minas. Além disso, a empresa vem construindo capacidade para armazenar misturas de minério no exterior, permitindo maximizar as margens misturando minério de baixa qualidade de seu sistema do sul.
Dessa forma, a Vale planeja reduzir a quantidade de minério que vende diretamente de suas minas do sul do nível de 41 por cento em 2016 para 24 por cento no ano que vem. Combinados, a produção de alta qualidade e o minério blindado representarão 75 por cento do volume de vendas em 2018.
Com a recuperação dos preços do minério de ferro em relação às mínimas do fim de 2015, a empresa está gerando o maior caixa desde 2011 e buscando reduzir a dívida atual pela metade, para US$ 10 bilhões, no menor período possível, disse Schvartsman durante a apresentação.
Fonte: – UOL, 07/12/2017
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