A pandemia está aí, à vista de todos, extremamente documentada pela mídia, redes sociais, troca de mensagens e envolvendo não só o nosso país, como todos os demais países.
O que muito está a impressionar , impactar seria o termo correto, é o radicalismo que está sendo exibido, por duas facções, sem o menor constrangimento.
– a que está alinhada com a Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta a ciência e a preservação total de vidas como diretrizes ideológicas;
– a que considera radical o grupo oposto, notadamente crítica da OMS e ao isolamento social.
Infelizmente as duas correntes estão sendo lideradas por autoridades públicas, que a rigor deveriam estar sintonizadas em torno de uma ideia central única.
É lamentável estarmos a assistir a uma tal desavença, que cada vez mais se acerba, com os antagonismos sendo postos a público, tornando toda a população atônita, causando mal estar e vítima de divergências que influem diretamente sobre ela.
Pessoalmente, na condição de idoso me acho envolvido nessa dicotomia.
Todos com mais idade e que tenham algum distúrbio adicional ( pouquíssimos são os que não têm) estão na linha de risco e assim afetados por tal discussão.
Há uma maioria de países adotando convergência em relação a determinadas recomendações da OMS.
Infelizmente, de modo destacado, estamos a assistir aqui no Brasil uma inequívoca presença da pobreza que atinge uma grande substancial parcela da nossa população, demonstrando a enorme desigualdade social que já impera há muitos anos e que se revela de maneira avassaladora neste momento.
Assistir a filas homéricas para regularizar documentação e/ou para receber minguados reais para garantir a sobrevivência é extremamente rude e triste.
Já tínhamos uma elevada taxa de desemprego…agora está disparando!
É notória a grande dificuldade para o governo equacionar recursos para fazer face a um tal grau de necessidades, tanto no plano da economia, como no plano da saúde, com falta de leitos, aparelhos respiratórios, máscaras, e até de equipes. É por outro lado extremamente objeto de orgulho contarmos com profissionais dedicados que arriscam a própria saúde em benefício de outros, não importando a classe social…todos somos iguais!
É evidente que a questão do isolamento social, a impossibilidade de ser estabelecida uma data final, bem como se dará um tal retorno à normalidade, se constitui num dos grandes fatores para diversidade entre os grupos. Existem infelizmente outros que com o tempo serão aos poucos revelados.
Também é evidente que os reflexos sobre a economia já ocorrem e irão se ampliar nos próximos meses. Há quem já avalie algo ao redor de – 4% a – 5% do PIB. Algo que não ocorria há muitos anos!
Estou deveras extremamente impressionado com o que está ocorrendo neste país.
Foi necessária uma pandemia para expor de maneira tão gritante, aspectos políticos, a falta de um mínimo de amor ao público, à vida, as mazelas de uma política social totalmente ausente durante tantos governos e que se mostra tão presente neste período.
Mais triste é o modo como se dão essas divergências, onde parece (ou é) existir outros interesses que não o das pessoas que eventualmente possam vir a morrer como vítimas do coronavirus.
Vamos lutar para que pelo menos nosso netos venham a viver num outro país. mais justo e equilibrado, com políticos sabendo a hora em que devam deixar de lado posições, quando se tratar de beneficiar toda a população.
Autor: Associado da AENFER, eng. Maurício F G de Souza