SuperVia investiga causas de atraso em trens

A SuperVia investiga o que causou os problemas na rede aérea, que provocaram mais de cinco horas de atraso nos trens na quinta-feira (29). Três composições enguiçaram. Revoltadas, algumas pessoas depredaram vagões e estações foram fechadas por medida de segurança. Passageiros tiveram que andar pelos trilhos e muitos enfrentaram situações de risco, como mostrou o RJTV.

Apesar dos flagrantes não houve presos. A supervia pediu desculpas aos passageiros e disse que seis composições atingidas pelas depredações ficarão fora de uso durante cinco dias. Segundo a Agetransp, a supervia já foi multada este ano em mais de R$ 280 mil.

Reclamações

Passageiros reclamaram da falta de orientação. E disseram que ficaram presos durante 40 minutos na composição. “De repente parou. Disseram que faltou energia e ficamos mais de 40 minutos presos dentro do trem”, contou a estudante Jéssica Mendes.

Os passageiros relataram ainda que os trens ficaram sem energia elétrica. E que, como não conseguiam abrir as janelas, tiveram de abrir as portas. “Como trem era de ar-condicionado, a gente não consegui abrir as janelas. Aí, a gente teve de abrir as portas”, contou outra passageira.

Nos arredores da estação, os pontos de ônibus ficaram lotados por volta das 7h30. O tumulto foi próximo à estação de Oswaldo Cruz, onde uma das composições ficou parada. Alguns passageiros conseguiram descer do trem e caminharam pelos trilhos, num trecho de grande movimento, por onde passam trens dos ramais de Japeri e Santa Cruz.

Homem se pendura

Imagens flagraram um homem, que depois de descer do trem com problemas, decidiu pegar uma carona pendurado na porta do maquinista de outra composição que passava no local. O maquinista reduziu a velocidade, mas seguiu viagem. Várias portas estavam abertas, o que é proibido.

Próximo ao trem enguiçado, um pequeno grupo de vândalos começou a depredar a composição. Um dos homens atirou uma pedra várias vezes no parabrisa do trem. Outro tentou invadir a cabine do maquinista e deu chutes na porta. O mesmo homem que começou a apedrejar o parabrisas depois tentou quebrar o vidro com um martelo. Passageiros começaram a descer do trem e não havia agentes da SuperVia para orientá-los.

Mesmo com os passageiros andando nos trilhos, a circulação dos trens não foi suspensa. Uma outra composição se aproximou e foi atacada pelos vândalos, que tentaram impedir a passagem, sem sucesso.

Quase 20 minutos depois da pane, apareceu o primeiro funcionário da SuperVia, que trouxe uma escada para ajudar os passageiros no desembarque. As pessoas seguiram a pé até a estação.

O grupo de vândalos permaneceu nos trilhos e tentou parar outros trens, com pedaços de madeira nas mãos. Um maquinista reduziu a velocidade, mas seguiu viagem.

Logo depois mais uma composição surgiu e o vândalo não saiu da frente. Impedido de passar o maquinista parou. E pouco depois conseguiu seguir viagem. A Polícia Militar foi acionada e uma patrulha chegou à estação. Mas os policiais ficaram na plataforma ajudando os passageiros a sair dos trilhos. A PM disse que enviou equipes para garantir a segurança das pessoas e controlar o tumulto, mas não houve prisões.

Sem orientação, alguns passageiros seguiam em direção oposta à estação. Pouco depois mais funcionários da SuperVia apareceram e orientaram aos maquinistas que reduziam a velocidade ao passar no local.

Os passageiros receberam bilhetes para pegar outros trens, mas o sistema demorou demais para voltar ao normal. Centenas de pessoas ficaram na estação aguardando o trem. Mas como os trens ainda não estavam circulando, muita gente ainda estava nos trilhos. Passageiros usaram até uma bobina de fiação como escada.

Quando os trens voltaram a circular, as composições saíram lotadas e com as portas abertas.

A Agetransp enviou fiscais assim que detectou o problema para as estações de Engenho de Dentro e Oswaldo Cruz e os técnicos encontraram problemas no equipamento chamado pantógrafo, que liga as composições à rede aérea. Eles também vão ao centro de controle da concessionária para acompanhar a solução para os problemas.

RF – Leia na íntegra a nota enviada pela SuperVia para a imprensa: “Sobre os problemas ocorridos às 6h20 hoje na circulação de trens no Rio de Janeiro, a SuperVia informa:

1. A comissão interna que apura as causas da queda de mil metros de rede aérea entre as estações Oswaldo Cruz e Engenho de Dentro, interrompendo a viagem de três composições e provocando atraso nos ramais Santa Cruz, Deodoro e Japeri, investigou os dados preliminares da operação e comprovou a regularidade da manutenção preventiva nos trens e na infraestrutura da via férrea. Nesse trecho, houve este ano oito intervenções de manutenção. Os trilhos e cabos de todos os ramais da SuperVia passaram por inspeção minuciosa antes da Jornada Mundial da Juventude, em julho.

2. Diante das características já apuradas, a SuperVia não descarta a hipótese de a ação ter sido causada por atos de terceiros, mas prefere esperar pela conclusão da apuração. Nos últimos dias, foram registrados casos como tiros disparados na direção da rede aérea, depredação de janelas, arremesso de pedras, bastões e outros objetos contra os para-brisas das composições ou em direção à ferrovia, e furto de cabos elétricos.

3. Hoje, alguns passageiros, correndo perigo de serem atropelados pelos trens, ameaçando a vida de maquinistas e impedindo a ação de equipes de resgate, ocuparam as linhas e arremessaram pedras e pedaços de madeira em seis trens, entre os quais estavam o modelo mais novo da frota (um trem chinês) e uma composição modernizada recentemente.

4. Os seis trens avariados, que como toda a frota pertencem ao Estado, ou seja, aos contribuintes e não à SuperVia, foram encaminhados para a oficina. Para se ter ideia do prejuízo causado à população por esses atos de vandalismo de uma minoria, esses trens ficarão fora de circulação durante cinco dias. A SuperVia fez hoje boletim dessa ocorrência na 4ª Delegacia Policial (Central do Brasil).

5. Há três anos a SuperVia realiza junto com o Governo do Estado um programa de reforma e modernização de um sistema que há décadas estava degradado e não recebia investimentos. a. Comprou e recebeu 30 trens novos. Comprou e vai receber a partir de março do próximo ano outros 80 trens novos. Vinte e cinco trens antigos foram modernizados. b. Antes, só havia 38 trens com ar condicionado. Hoje, são 90 trens com ar condicionado, quase a metade da frota. Em dois anos, todos os trens terão ar condicionado. c. Já existe hoje uma oferta adicional de 260 mil lugares por dia. O número de viagens diárias passou de 792 para 825. d. Foram substituídos nos últimos dois anos 54 quilômetros de trilhos, 60 mil dormentes e 80 quilômetros de cabos de rede aérea.

6. A SuperVia reconhece que ainda há muito a fazer para que os serviços cheguem ao padrão de excelência que tem como meta. O episódio de hoje, entretanto, é uma grande lição e uma advertência. Uma composição continuou circulando, embora mais lentamente, enquanto havia passageiros na via férrea. Isto, definitivamente, não pode acontecer. Pela primeira vez nos defrontamos com a situação em que um maquinista, intimidado e ameaçado por minorias radicais armadas de paus e pedras, não parou o trem, certamente para proteger os passageiros. Isso nos obriga a reforçar os treinamentos dos nossos integrantes, inclusive para também melhorar o atendimento aos passageiros em situações de emergência como a de hoje.”

Fonte: G1, 29/08/2013

2 comentários em “SuperVia investiga causas de atraso em trens”

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