Considerado um dos integrantes do reduzido grupo de “queridinhos” da presidente Dilma Rousseff, Bernardo Figueiredo deve ser substituído no comando da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) em dezembro pelo ex-ministro dos Transportes Paulo Sérgio Passos.
À frente da EPL desde sua criação, em agosto de 2012, Figueiredo vem acumulando desgastes com Dilma nos últimos meses e teve sua atuação na área de infraestrutura esvaziada em favor da Casa Civil. Uma das recentes medidas do Planalto que teriam desagradado o dirigente foi o fato de a ministra da pasta Gleisi Hoffmann ter absorvido como atribuições a administração do Plano de Investimentos em Logística (PIL).
Outro ponto de atrito foi o adiamento do leilão do Trem de Alta Velocidade (TAV), entre Rio, Campinas e São Paulo, por menos um ano. O leilão, que estava marcado para setembro, teria apenas um concorrente e foi cancelado. Figueiredo não escondeu o desapontamento com a decisão.
Seguindo pessoas próximas a presidente Dilma e ouvidas pelo Estado, ele teria sinalizado a intenção de deixar o cargo. A substituição por Passos passou, então, a ser considerada no Palácio do Planalto como um “caminho natural”.
‘Missão’. Procurado, Figueiredo afirma que sua relação que sua relação com Dilma “é inabalável”. Mas admite que depois de ter comandado a Agência Nacional de Transportes (ANTT) não queria voltar para o governo. Segundo ele, só aceitou retornar pois recebeu a criação da EPL como uma “missão”. “Na hora que a missão acabar, vou embora”, disse Figueiredo.
As articulações do governo nos bastidores em torno o nome de Passos puderam ser precebidas ontem na sessão em que estava prevista a sabatina do ex-ministro, indicado pelo governo para assumir uma das diretorias da ANTT. Na véspera da audiência, Passos enviou um ofício ao presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Fernando Collor (PTB-AL), pedidndo, “por motivo de força maior”, o adiamento da sessão. Após a leitura do documento, Collor sentenciou: “Fica adiado sine die”, ou seja, sem uma data marcada.
A manobra foi arquitetada na semana passada por integrantes do Palácio do Planalto que receberam o comunicado da cúpula do Partido da República de que Passos não teria o nome aprovado no Senado. “Ele não ia passar. Cada um colhe o que planta”, afirmou o secretário-geral do PR, senador Antônio Carlos Rodrigues (SP).
Segundo líderes da base aliada ouvidos pelo Estado, Passos carrega entre os senadores o sentimento de que foi um dos principais articuladores de queda do ex-ministro dos Transportes, senador Alfredo Nascimento (PR-AM) “faxinado” do governo sob suspeitas de irregularidades no comando da pasta. Além disso, também se soma ao corporativismo dos senadores a queixa de que, quando ministro, Passos não atendia aos pleitos dos parlamentares nem os recebia no gabinete.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 24/10/2013
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