A Valor da Logística Integrada (VLI), empresa criada a partir de ativos de carga geral da Vale, vem executando o seu plano de investimentos enquanto aguarda o fechamento da operação para permitir a entrada de novos sócios na companhia. A VLI, que prevê investir R$ 9 bilhões em portos e ferrovias até 2017, encomendou dois mil vagões ferroviários da AmstedMaxion e da Randon para o transporte de granéis em seus diferentes corredores logísticos. No total, o mercado trabalha com a expectativa de que a VLI possa comprar até 9 mil vagões, dos quais ainda restariam adquirir, portanto, cerca de 7 mil unidades nos próximos anos.
Os fabricantes têm a expectativa de novas encomendas de vagões pela VLI a partir do segundo semestre de 2014. Os dois mil vagões foram encomendados em setembro de 2013 e as entregas já começaram devendo se estender até meados deste ano. A VLI é hoje o principal cliente de vagões ferroviários do país, setor que ainda sofre com a falta de previsibilidade na demanda.
Em 2013, a indústria de vagões ferroviários brasileira produziu 2.280 unidades e a previsão para este ano é atingir um volume entre 3 mil e 3,5 mil vagões, o que pode significar crescimento entre 30% e 52%, respectivamente, sobre o ano passado, segundo as previsões da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).
A VLI confirmou que novas aquisições de vagões encontram-se em análise, mas não citou prazos. “As condições de capacidade, adequação técnica, prazo de entrega e custo dos fornecedores serão analisadas no momento da aprovação do investimento pela companhia”, disse a empresa em nota.
No ano passado, a Vale vendeu parte do capital da VLI para Mitsui, FI-FGTS, administrado pela Caixa, e Brookfield Asset Management. No fechamento do negócio, que ainda depende da aprovação de “condições precedentes”, a mineradora deve ficar com 37,6% da empresa de logística.
Em recente entrevista ao Valor, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que a VLI é um dos projetos estruturantes para o Brasil. Ele afirmou que o plano de negócios da empresa, submetido aos sócios, deverá passar por um “refinamento”. “Todos [os sócios da VLI] estão muito alinhados.”
Segundo a VLI, os dois mil vagões encomendados à AmstedMaxion e à Randon serão alocados nos corredores logísticos Centro-Sudeste, Centro-Leste e Centro-Norte da empresa. Os vagões vão dar suporte ao crescimento do volumes transportados em 2014, disse a VLI, sem citar percentuais. “O recebimento dos equipamentos está previsto para acontecer ao longo do primeiro semestre de 2014. O investimento está em linha com o plano de negócios da VLI.”
Ricardo Chuahy, presidente da AmstedMaxion, disse que a empresa está fabricando 1.049 vagões para a VLI que serão utilizados no transporte da safra agrícola. Ele não informou o valor do contrato. As entregas dos vagões serão feitas até maio. Hoje a AmstedMaxion trabalha com uma capacidade de produção de 260 vagões por mês em sua fábrica de Hortolândia (SP) considerando a força de trabalho disponível em função da demanda do mercado.
Chuahy avaliou que 2013 foi um ano difícil para o setor e previu um 2014 melhor, em linha com as previsões da Abifer. O executivo acredita que os fabricantes nacionais terão condições de atender a demanda futura da VLI sem necessidade de que a empresa de logística recorra a fornecedores externos, entre os quais a China.
A opinião é compartilhada por Norberto Fabris, diretor corporativo da Randon. “A indústria tem boas condições competitivas e capacidade produtiva. Não faz sentido trazer [vagões] da China”, afirmou o executivo. O grupo gaúcho fechou o fornecimento de 850 vagões para VLI em setembro e começou a entregar os veículos em dezembro. “Vamos concluir as entregas até maio-junho”, disse Fabris.
Para Emyr Berbare, diretor-executivo da Usiminas Mecânica, o mercado está amadurecendo cada vez mais do ponto de vista tecnológico. “Isso tem permitido o aumento da participação de componentes nacionais, que antes tinham que ser importados.” Nesse contexto, a estratégia da Usiminas Mecânica passou por fortalecer a sua estrutura industrial, ampliando o conteúdo tecnológico da produção e sua expertise em engenharia de vagões, disse o executivo.
E concluiu: “No biênio 2012-2013, fornecemos 1050 vagões para o mercado. E, como perspectiva, estamos vendo a materialização de projetos e oportunidades, principalmente nas áreas de transporte de minério, celulose e grãos.”
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2014
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