O Governo do Estado do Rio conseguiu que o Tribunal de Justiça suspendesse a liminar que havia mandado paralisar a obra do trecho sul da linha 4 do Metrô Rio. O estado alegou que houve três anos de estudos e projetos para a realização da construção que vai ligar a estação General Osório, em Ipanema, à Barra da Tijuca. Na sexta-feira, a obra havia sido interrompida, menos de uma semana depois do início da instalação dos tapumes na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, para a construção de uma das estações da linha. O consórcio Rio Barra, responsável pelo projeto, havia retirado todos os operários do canteiro, acatando uma decisão da Justiça.
Conforme adiantou Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO, a juíza Neusa Alvarenga Leite, da 14ª Vara de Fazenda Pública do Rio, havia concedido uma liminar impedindo o prosseguimento das obras no local. A decisão determinou que uma equipe de especialistas fizesse uma análise técnica, com vistorias e verificações, de forma a determinar se haveria ou não uma alternativa ao projeto. E afirmaria que, enquanto o laudo não fosse expedido, as obras deveriam ser interrompidas. O governo e o consórcio Rio Barra haviam afirmado que iriam recorrer da decisão.
A ação cautelar que pediu a paralisação foi movida por seis moradores do bairro. Eles fazem parte do Projeto Segurança de Ipanema, um grupo de moradores que vem protestando contra o projeto e que quer que o consórcio e o governo apresentem um projeto e métodos alternativos para a construção da estação.
— Não somos contra a obra, nem contra a Linha 4. Só não queremos que a praça seja destruída, nem que os métodos escolhidos para a construção ponham em risco nossa segurança e nosso bem-estar. Existem técnicas que possibilitam a construção sem que uma cratera tenha que ser aberta na praça. Queremos transparência — disse Ignez Barreto, coordenadora do grupo.
A polêmica em torno da nova estação do metrô na Praça Nossa Senhora da Paz é bem anterior ao início das obras. Parte dos moradores teme que as escavações causem danos às edificações e às árvores da praça. Como não não haviam conseguido impedir o projeto, que já obteve a licença de instalação, os moradores — que fizeram várias manifestações e conseguiram um abaixo-assinado com mais de 19 mil adesões — querem mudar os locais de acesso à estação, previstos para o calçadão no entorno da praça.
Ignez Barreto reclamou que ainda espera um diálogo com o governo do estado, para mostrar que as entradas podem ficar no calçadão da Rua Visconde de Pirajá, o que preservaria a praça e serviria de incremento para o comércio do bairro.
— Queremos mais transparência. Eles se recusam a dialogar. A falar sobre os impactos do projeto e dar garantias de que os prédios não serão afetados. Eles dizem que iriam reconstruir a praça, mas ouvimos vários especialistas que afirmaram que muitas das árvores não poderão ser replantadas. Essa ação foi movida como um ato extremo, uma vez que eles já iam começar a derrubar a praça — afirmou Ignez.
A licença de instalação da estação da Nossa Senhora da Paz de instalação foi apresentada no dia 25 de junho pelo secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, e pela presidente do Instituto estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos. A licença foi aprovada com uma série de restrições, entre elas, a redução do número de árvores a serem transplantadas: de 113 para 17. O Conselho Diretor do Inea aprovou ainda a exigência de replantio de 400 árvores no bairro.
Sem divulgar o mapeamento das árvores que serão removidas, o estado garantiu que apenas as árvores menores que ficam na parte central serão transplantadas. Ela serão retiradas e levadas para um horto até que as obras sejam concluídas. Depois, essa árvores serão replantadas na praça. As maiores, localizadas nas extremidades da praça, não serão retiradas.
Fonte: O Globo, 29/10/2012